Tsedacá – Sobre as contribuições para trabalhos sociais

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Escolha livremente onde e como quer ajudar, mas ajude

Até o momento, foram abordados os casos de ajudas feitas no plano individual, ou seja, diretamente a quem está padecendo; porém, uma maneira igualmente excelente é contribuir com trabalhos sociais, sejam eles realizados por instituições de caridade ou por ministérios de ação social de igrejas. Os judeus organizam o que eles chamam de “fundos de tsedacá”. Considere esta orientação:

Deve a congregação dizimar para os pobres como fazia a Igreja Universal, separando 3,3% de sua renda além dos dízimos que destina ao sustento da congregação e do ministério? E em caso efetivo, deve esse dinheiro ser regido pela tesouraria da chavurah (grupo de estudo), da kehilah (igreja), da Beit (a Sinagoga) ou cada um deve gerir sua própria forma de fazer caridade?

Acredito que, caso uma organização decida, ambos os caminhos podem ser válidos. Se uma congregação dispuser de uma instituição de caridade, de apoio a moradores de rua, de recuperação de viciados em drogas, de auxílio a crianças desamparadas, apoio a missões estrangeiras em países pobres etc., ela pode decidir em assembleia que os membros acrescentem essas ofertas e que elas sejam geridas por uma comissão por ela nomeada. Mas esta não é uma obrigação. O membro também pode, como o judaísmo rabínico sugere, escolher qual família pobre ou que criança da própria congregação ele vai ajudar com os estudos ou coisa parecida. Naturalmente não vale escolher o próprio filho, pois um investimento em nossos filhos é, em última análise, um investimento em nós mesmos.

Dessa forma, cada pessoa tem a liberdade de determinar a maneira como ajudará, se diretamente a quem precisa, se por meio de uma entidade social ou se de ambos os modos. Só o que não vale é deixar de contribuir.

Antes, porém, veja se há alguém próximo padecendo

Uma advertência inicial é necessária. Conforme visto no capítulo anterior, é recomendado que o auxílio seja feito primeiro para as pessoas mais próximas e só depois aos fundos destinados às boas obras. Do contrário, estará aumentando o sofrimento ao saberem que auxilia os que estão distantes em detrimento delas, que às vezes precisam igualmente ou até mais. Sobre isso, o apóstolo Paulo disse: “… se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel” (1Tm 5:8). Na obra judaica do período medieval, Sefer Chassidim, há essa pertinente ilustração: [RLM2] 

Quando ignoramos os nossos parentes pobres, dando a outras pessoas em vez de dar a eles, tal ato não se denomina “tsedacá”.

Um homem rico costumava doar dinheiro para o fundo de tsedacá da comunidade e pediu ao administrador do mesmo que o distribuísse entre os pobres. Ora, tal homem rico tinha um irmão pobre; na realidade, todos os seus parentes eram necessitados. O rabino disse ao homem: “O dinheiro que você distribuiu entre os pobres mediante o fundo de tsedacá não foi tsedacá. Pelo contrário, ele causou tze’akah, ‘pranto’, aos seus parentes. É bem melhor que você dê tal soma a seu irmão carente e aos seus parentes necessitados.” Sefer Chassidim 324.

Se esse não for o caso, isto é, não tiver pessoas padecendo necessidades básicas na família ou no convívio próximo e se a igreja onde congrega dedica pouca ou nenhuma atenção à assistência aos necessitados, então o ideal é destinar as contribuições a trabalhos sociais vinculados a outras igrejas ou mesmo para entidades filantrópicas, como, por exemplo, casas de acolhimento a crianças em situação de risco, casas de recuperação de dependentes químicos, de apoio a idosos ou moradores em situação de rua, cozinhas sociais etc.

CONTINUA…


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Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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