Ataques a creches e escolas – Onde está Deus?

Minhas maiores dificuldades em entender os caminhos de Deus surgem quando tenho notícias de tragédias envolvendo crianças, refiro-me tanto a atos criminosos como também a doenças graves e incuráveis. No Brasil, apenas entre os anos de 2019 e 2023 foram 11 ataques a escolas e creches, com várias crianças mortas. Tragédias dessas me fazem questionar: “onde estava Deus?”.

Quando acontecem com pessoas adultas, é fácil ter o pensamento de que talvez ela tenha merecido, talvez tenha feito algo injusto, talvez mais um monte de outras possibilidades que podemos conjecturar, sempre tentando encaixar os caminhos divinos em nosso senso de justiça. Porém, quando quem sofreu foi uma criança, o que justifica? A meu ver, nada.

Para mim, a única maneira de conciliar o sofrimento de crianças com a bondade e onipotência de Deus é tirando os olhos de nossa existência terrena e mirando a realidade espiritual.

Para entender meu ponto de vista, primeiro é necessário firmar algumas premissas:

– existe um Deus todo-poderoso;

– existe uma realidade espiritual;

– existe uma vida espiritual após a morte de nosso corpo material.

A partir dessas bases, devemos considerar que por mais longa que seja a existência terrena, ela é praticamente irrelevante quando comparada com a duração da existência espiritual. Ainda que vivamos 120 anos aqui neste planeta, é quase nada diante da eternidade. Então, qualquer sofrimento que for experimentado aqui, mesmo que prolongado sob a ótica humana, é apenas uma “leve e momentânea tribulação”, como disse o Apóstolo Paulo (2 Coríntios 4:17).

Quem já sofreu algo ou acompanhou de perto alguém sofrendo, sabe que não é tão fácil assim, pois parece que quanto maior o sofrimento, mais o tempo demora passar. Mas, se somos de fato cristãos, precisamos crer em Sua palavra e nos confortarmos em suas promessas.

É também o Apóstolo Paulo quem diz que “Deus não é injusto” (Hebreus 6:10). Então, a partir disso, devemos estar firmes na fé de que todo sofrimento será reparado, ainda que seja apenas quando partirmos deste mundo e retornamos à vida espiritual, pois existe uma divina providência que rege tudo neste mundo. Assim, aqueles que praticaram o mal receberão a devida “recompensa”, pois está escrito: “O qual retribuirá a cada homem segundo seus atos” (Romanos 2:6).

Para os pais, familiares e amigos próximos, o sofrimento é mais duradouro, pois os desdobramentos emocionais são imensuráveis. Cada um reage de uma forma peculiar. Alguns, após um difícil período de luto, conseguirão se reerguer e continuar a vida, apesar de que nunca esquecerão as cicatrizes. Outros, infelizmente, talvez nunca se recuperem. Para todos esses, é necessário se apegar ao fato de que Deus não é injusto e que nada fica sem a devida reparação. Então, toda dor que injustamente suportaram, será reparada, nesta ou na próxima vida.

Para a sociedade acontecimentos chocantes como esses devem servir como um despertamento contra a indiferença, a ganância, o individualismo. Eventos dessa magnitude reverberam em muitas e muitas vidas. Estive numa reunião de negócios em que um empresário comentou que quando teve conhecimento do ocorrido na creche em Blumenau-SC percebeu que seus problemas eram irrelevantes e agradeceu a Deus por sua vida.

Não é a intenção de Deus que as pessoas se tornem más, pois apesar de nos dar a opção de escolher por um ou outro caminho, Ele anseia que escolhamos o bem. Quando nos entregou sua Lei, lá no Monte Sinai, há cerca de 3.250 anos, disse: “Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a benção e a maldição. Escolham a vida, para que vocês e os seus descendentes vivam muitos anos.” (Deuteronômio 30:19-20). Mas, se mesmo assim alguns escolhem o caminho do mal, será retribuído pelo que fez. Quanto aos que foram vítimas diretas ou indiretas, resta a certeza de que há um Deus reparador, cujo Filho nos disse: “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” (Mateus 5:4).

Por mais difíceis que algumas tragédias sejam, precisamos tentar manter nosso coração conectado com o Eterno e ter a inabalável fé de que Ele cuida de cada um de nós e de que não há injustiça sem reparação.

Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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