A felicidade é uma decisão

O estado de felicidade não está vinculado às circunstâncias externas. Prova disso é que existem as que vivem em situação de miserabilidade e são felizes, enquanto outras vivem em palácios e são infelizes.

Conta-se que certa vez um sábio estava ensinando sobre felicidade e de como, para atingi-la, era necessário ser grato a tudo que acontece em nossa vida, não apenas pelas coisas boas, mas igualmente e na mesma intensidade pelas que são aparentemente ruins também, pois tudo provém de Deus e é para nosso bem (duas máximas da fé verdadeira), ainda que hoje não consigamos entender, porém tudo será revelado quando voltarmos para o mundo espiritual. Então, um dos jovens alunos insistiu em questionar sobre como isso seria possível. O sábio o orientou a procurar por um determinado ancião, pois ele teria a resposta. Chegando na casa indicada, encontrou o ancião vivendo com sua família numa extrema pobreza e padecendo com doenças e dificuldades até alimentares. Porém, o ancião constantemente agradecia de modo genuíno a Deus por tudo e estava sempre com o semblante bom. Assim, o jovem contou a razão pela qual estava lá. Após ouvir atentamente o ancião disse: “Agradeço por você ter vindo me visitar e procurar aprender algo comigo, mas acho que deve ter ocorrido algum engano, pois você deveria ter sido enviado a alguém que passa por sofrimentos na vida”.

Essa breve história mostra que aquilo no qual nossa mente foca, acaba crescendo e, se não for controlado, poderá afetar nosso estado de ânimo e o modo de vermos o mundo.

A palavra hebraica para o estado de felicidade é bessimchá e ela é composta pelas mesmas letras da palavra maschashavá que significa pensamento, conforme ensinam os estudiosos Mendel Kalmenson e Zalman Abraham (O povo da palavra, pág. 21).

Se a felicidade está relacionada aos pensamentos e os pensamentos são uma das coisas que de fato podemos controlar, então a felicidade é sim uma decisão. Pode dar trabalho e ser difícil no começo, mas com persistência e força de vontade, é possível ir afastando até eliminar os pensamentos que causam infelicidade e que geralmente estão relacionados àquilo que falta em nossa vida, às perdas, às decepções. Somente assim é possível abrir espaço para pensamentos de esperança, sonhos, projetos, gratidão e fé.

Temos pouco controle sobre as circunstâncias nas quais nascemos ou nas quais estamos envolvidos. Fatalidades, decepções, traições, doenças e perdas fazem parte da dinâmica da vida e acontecem. Às vezes, temos toda ou pelo menos parte da culpa e responsabilidade, ou não. Isso não importa, pois o que já aconteceu, aconteceu.

Aliás, enquanto a palavra bessimchá está relacionada ao estado de felicidade, a palavra simchá está relacionada a alegria. E ela é composta das mesmas letras da palavra shemachá cujo significado está relacionado a “apagamento” ou “rasura”, conforme ensinam os mesmos estudiosos, Kalmenson e Abraham (op. cit, pag. 23).

Da mesma maneira que simchá e shemachá estão relacionadas, para a alegria brotar, é necessário ter sob controle os pensamentos sobre o passado, com suas perdas, derrotas e momentos ruins. É impossível estar com a mente cheia de pensamentos e de lembranças infelizes e ao mesmo tempo desfrutar de alegria.

No Caibalion ensina-se como um dos sete princípios herméticos o mentalismo, com a seguinte máxima: “O todo é mente; o Universo é mental”. E existe uma famosa citação atribuída a Platão que caminha nesse mesmo sentido: “A realidade é criada pela mente. Nos é possível mudar a nossa realidade ao mudar a nossa mente”.

A realidade é criada pela mente. Nos é possível mudar a nossa realidade ao mudar a nossa mente

Platão

Já Paulo Coelho, certa vez, escreveu que “Esperar é doloroso. Esquecer é doloroso. Mas não saber o que fazer é o pior tipo de sofrimento”.

Então, se a felicidade não está relacionada às circunstâncias externas, mas aos pensamentos que se alojam em nossa mente e refletem na nossa maneira de agir, reagir e encarar a vida, e considerando que somos senhores de nossos pensamentos, se em algum momento perdemos as rédeas deles, o que devemos fazer para não prolongar o sofrimento é nos esforçarmos em retomar o controle daquilo que vagueia pela nossa mente e lutarmos para manter apenas aqueles que de fato serão úteis para nos ajudar a alcançar o lugar de felicidade e bem estar que almejamos.

Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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