Aliviando o peso da culpa para seguir em frente

Que o sentimento de culpa pode ser destrutivo disso não tenho dúvidas, mas como não o ter quando percebemos que fizemos algo de errado?

Eu sei que o sentimento de culpa ou remorso (vou tratar como se fossem a mesma coisa) tem importante função quando leva ao arrependimento no sentido de não mais praticar o que se fez de errado e a reparar os prejudicados, na medida do possível.

Apesar desse conhecimento, não é fácil conviver e se desapegar desse horrível sentimento.

Às vezes me pergunto sobre como Deus enxerga nossos erros, ou melhor, para usar a palavra certa, nossos pecados, isto é, nossas transgressões aos seus mandamentos. Será que Ele é tão rigoroso como nós somos conosco mesmos? Que Ele odeia, abomina e não convive com o pecado, disso não tenho dúvidas, pois é incompatível com sua santidade, mas se Ele é tão intolerante aos pecadores, e todos somos pecadores, como então na história da humanidade Ele já falou e até agiu em favor de pecadores?

Desculpe, mas eu não tenho a resposta para isso, porém tenho algumas reflexões que quero compartilhar e talvez nos ajude com algumas pistas.

Conta-se que na época medieval havia um homem que estava sofrendo demais pelos pecados que havia cometido. Então procurou seu líder religioso. Esse pediu que escrevesse num papel todos os pecados. Ao ler a lista, o líder começou a rir incessantemente.

O senhor que o procurou ficou ofendido, mas depois de um tempo teve a explicação.

Foi que o ser humano só é capaz de pecar se entrar nele um espírito de tolice. Por isso, ao rir dos pecados, o líder religioso estava atraindo dos céus a misericórdia diante da tolice feita e aliviando a severidade, tornando mais leve o fardo da culpa pelo pecado.

É uma história interessante, se é real, não sei, mas faz lembrar de uma passagem bíblica. Está no capítulo quatro do livro de Jonas.

Jonas (aquele da baleia) estava indignado porque Deus havia usado ele para dizer ao povo de uma grande cidade chamada Nínive que a destruiria por causa de seus pecados se o povo não se arrependesse. Porém, não o fez. Então, Deus o leva a refletir a partir da seguinte questão: como Eu não terei compaixão de um povo que não sabe diferenciar a mão direita da mão esquerda?

Observe que a cidade tinha cento e vinte mil pessoas. Ou seja, não eram pessoas tão ignorantes, mas o que Deus quis dizer é que diante dEle somos todos ignorantes, tolos e inconscientes. Talvez seja essa uma das razões pelas quais Ele simplesmente não nos destrói quando O ofendemos ao contrariar suas ordens, pois diante de sua infinita misericórdia e bondade, Ele tem toda paciência para esperar nossa mudança de atitudes.

Não quero eliminar a gravidade do pecado pelas atitudes que ofendem os mandamentos de Deus, mas essas histórias ajudam a aliviar o sentimento de culpa que pode ser paralisante e impedir de tentarmos escrever uma história diferente.

Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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