Por que é tão difícil olharmos para dentro de nós mesmos?

Já adianto que não sei a resposta, mas isso me intriga e entristece.

Por que precisamos perder algo ou alguém importante para sermos despertados para a mudança? Por que precisamos sentir dor e sofrimento para despertar?

Certa vez, por insistência de alguém com quem convivia, comecei terapia e então ela me perguntou: “- Você sabe o que precisa melhorar? O que você quer com a terapia?”.

Eu realmente não fazia ideia, tanto que apenas dizia para o terapeuta: “quero me tornar uma pessoa melhor”, porém, sem ideia do que precisava de fato mudar, mesmo que já tivesse ouvido diversas vezes.

Porém, só depois de um trágico acontecimento e de iniciar um doloroso processo, é que as fichas começaram cair. Ninguém precisava mais falar o que eu tinha que mudar, a dor decorrente da expulsão da zona de conforto me deram uma lucidez espantosa.

Outra questão que surge é sobre quais outras áreas também precisam dessa lucidez? À princípio, todas. Mas porque a verdadeira busca e empenho por mudança precisa ser iniciada de forma tão dolorosa?

Percebo isso rotineiramente. Pessoas das quais gostamos e para as quais costumamos falar de pontos que precisam melhorar, mas não parece que não entendem e acabam recebendo tudo como crítica e reclamação, sem perceber que não é nada disso, mas apenas um genuíno interesse numa mudança para melhor.

É triste a cegueira.

Triste porque quando quem está apontando as necessidades de melhorias se cansar e partir para outra, se de fato acontecer a mudança causada pela dor do distanciamento, talvez já não haja mais sentimento e tampouco esperança ou paciência.

 O que fazer? Pegar pelos braços, chacoalhar e dizer “desperta!”. Não sei se adiantaria, pois o despertar tem que vir de dentro e geralmente só uma forte emoção é capaz de fazê-lo.

Não é sem motivo que o Rei Salomão, no auge de sua sabedoria, disse: “Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração” (Eclesiastes 7:3).

Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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